quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Adeus, amigo!!!

Matheus e eu nos conhecemos num Pré-vestibular comunitário, chamado OPA, em Contagem (foi lá que começamos a aprender o que significa ensinar)
Lembro-me, como se fosse ontem, da nossa primeira reunião no OPA e a extensão dela num barzinho nas cercanias do cursinho.  Ninguém é de ferro, né?
Logo depois viemos trabalhar juntos no Pré, e lá se vão quase 9 anos.

Meu Deus!!! Como o tempo passa rápido...
Pediram-me pra escrever um texto em homenagem ao querido amigo que se foi, ficamos discutindo se esse texto podia ser carregado de sentimentos ou se deveria ser impessoal.
Sai do cursinho e, no caminho, me pus a pensar:
Tem como não ser passional? Eu acabei de perder um amigo,
um companheiro de trabalho, um espelho, o marido de uma das pessoas que mais amo
na vida.

Eu estou arrasada, o pensamente nele é recorrente desde a tragédia.
Dá pra não ser passional numa situação dessas? Eu, sinceramente, não consigo.
Então, resolvi escrever de coração, de peito aberto mesmo. 
Eu ainda sou muito nova, mas já vivi o suficiente pra entender um pouquinho de como a “banda toca” nessa ciranda louca e linda que é a vida.

Quando somos muito jovens nos intitulamos senhores do tempo e achamos que o mundo gira em torno do nosso umbigo, mas com o passar do tempo eu pude perceber que a vida passa tão de pressa que, se pararmos pra pensar nisso, ficamos estonteados.
Com o tempo eu aprendi, também,  que por a vida passar muito rapidamente e as pessoas que amamos serem tiradas do nosso convívio de maneira tão brusca e repentina, se faz necessário dizer a todos que amamos o quão importante eles são.

 Pessoas entram e saem de nossas vidas num ritmo alucinante.
O problema é que alguns nos marcam tão intensamente que, o simples fato de pensarmos na hipótese, ainda que remota, de sermos privados de sua existência é desesperador.
Tenho muitos amigos, graças a Deus, mas recentemente tenho passado por situações complicadas.

Não é fácil perder um amigo, pior que isso é perder dois amigos em menos de 2 meses...
Não estou sendo saudosista, muito menos sinto culpa. 
Felizmente faz tempo que eu percebi isso e tento demonstrar meus sentimentos sempre que possível. Nunca tive vergonha de dizer como e o que eu admiro em cada um de meus amigos.
Por sorte, eu sempre demonstrei para o Matheus como ele era importante pra mim, sempre me emocionei com ele nas despedidas de final de semestre. E, diga-se de passagem, quem aqui pôde presenciar uma das despedidas dele sem se emocionar?

Sempre o admirei pelo amigo que ele era, pela sua humildade, pelo seu caráter, pelo bom filho que sempre foi e pelo marido irrepreensível que sempre fez questão de ser.
Ainda estou aqui, tentando juntar os cacos, não sei ainda como vai ser. Não sei como vou conseguir entrar em sala, não sei como conter a emoção, não sei como serão as reuniões de coordenação sem as suas opiniões sempre ponderadas.
Mas, a vida tem que seguir, não é?

Só sei que nada abala a minha fé. Os planos de Deus são perfeitos e, mais cedo ou mais tarde, descobrimos seus propósitos. Ah, mas como dói. Meu Deus como tem sido difícil!
Estamos de luto e precisamos estar. Todos devem chorar o que temos pra chorar. Precisamos descarregar tudo que aquilo que está nos sufocando.
 Na triste despedida eu não pude conter a emoção, e nem tinha o intuito de fazer isso. 
Entretanto, com o passar do tempo precisamos transformar toda essa dor em força, pois há alguém, que amamos demais e, cujo sofrimento é imensurável, que vai precisar muito de todos nós. Eu necessito e estarei firme pra quando ela voltar e espero, do fundo do meu coração, conseguir atenuar, nem que seja um pouquinho, o sofrimento da Isa.

Juliana Rezende